Parque Nacional de Ubajara / Sete Cidades / Jericoacoara

14.10.06

 

Parques Nacionais de Ubajara, Sete Cidades e Jericoacoara

PARQUE NACIONAL DE UBAJARA (CE)
E ARREDORES

A Serra de Ibiapaba é uma ilha de frescor cercada pelo semi-árido nordestino. Alguns também chamam a serra de Chapada. A região (que fica no noroeste do Ceará) tem clima ameno, chegando a 14º/16ºC no inverno. A altitude média da região é de 800 metros do nível do mar, mas chega a 900 metros. É frequente a formação de neblina na parte da manhã. A vegetação de mata úmida ainda é abundante. Guias do Parque de Ubajara dizem que a vegetação é de mata atlântica. Descendo a Serra de Ibiapaba a temperatura aumenta muito - chega a ser estorricante. A vegetação passa a ser cerrado e caatinga.

O transporte pela região é precário. Se você quiser visitar cachoeiras pela redondeza vai encontrar dificuldades para chegar. Não existem agências que alugam carros e tão pouco empresas de turismo em Ubajara, cidade sede do Parque Nacional de Ubajara. Nossa solução foi alugar um carro, saindo de Fortaleza. Tenha muito cuidado na estrada federal 222 para Sobral - é péssima, toda esburacada e por vezes torna-se de terra (isso em 2006). Daí pra frente melhora bastante. O total é de 352 km.


Não são muitas as opções de hospedagem. Ficamos na pousada do Alemão. São chalés isolados entre árvores frutíferas e pés de café. Por estar no meio do mato, constantemente entravam insetos no quarto. Há, também, muitas pererecas que conseguem passar pelas frestas das portas e janelas. O banho é morno. Mas o local é agradável e perto do parque (20 / 30 minutos a pé). Para os mais frescos as acomodações não vão agradar.


No Parque Nacional de Ubajara (se você estiver bem fisicamente) desça a trilha à pé até a gruta. São duas ou três horas de caminhada sem presa. Pelo caminho você passará por um mirante, duas cachoeiras (vistas da parte de cima) e alguns córregos com pequenas quedas d´água onde se pode banhar. O parque foi criado em 1959.

No passado a gruta sofreu depredação, com muitas pichações e espeleotemas arrancados. Só uma pequena parte da caverna está aberta ao público. Existem outras, mas estáo fechadas para turismo.
Se você conhece as cavernas do PETAR (Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira, no Vale do Ribeira, em SP) ou da região do Parque Nacional da Chapada Diamantina (BA), por exemplo, não vai se surpreender com os espeleotemas. A caverna é iluminada e perdeu o caráter "selvagem". Numa das cavernas do parque de Ubajara foi encontrado um crânio de urso de 10 mil anos , indicando que a área já foi bem fria. Atualmente parentes desse urso são encontrado nos Andes. Na volta da gruta, use o bondinho (que é pago).

Em Ubajara não existem restaurantes luxuosos e nem ajeitadinhos. Nem mesmo uma boa sorveteria. A infra-estrutura na cidade é fraca.







Ainda em Ubajara está a cachoeira do Frade, um dos lugares mais belos da região. Descendo a serra, são 25 km de terra, onde a vegetação já é de cerrado misto com caatinga. O sol é de rachar. Há belas seqüências de cachoeiras. Para se chegar à última queda d´água (foto à direita) é preciso ser Tarzã e descer por cipós - não há outro caminho. Quem não tem espírito de aventura deve evitar.









Na mesma Serra de Ibiapaba está Viçosa do Ceará, o primeiro vilarejo fundado no chapadão, em 1700. Antes dos jesuitas chegaram, a região já era habitada por índios tabajaras.
Há vários prédios coloniais tombados no Centro, e muitos quase tombando devido à falta de conservação. É a mais bonitinha das cidades da região. Existe um bom hotel (adminidtrado pelo município), mas optamos por ficar num pequeno hotel de nome Sayonará. A exemplo de Ubajara, não há grandes restaurantes no município.

O melhor está no mirante da igreja do céu. Dá pra chegar por uma escadaria ou de carro. O visual lá de cima é bem bacana.



Da Pedra do Machado (fica a um quilômetro do centro) se tem uma maravilhosa vista do sertão e parte do chapadão.
Pena que a trilha está muito suja. Esses dois garotos da foto foram nossos guias. Junto com eles acabamos por recolher muito lixo , mas não deu nem pro começo.
Tomara que eles continuem o trabalho, afinal esse é um patrimônio deles mesmo e, se não houver conservação, é uma porta de trabalho e renda que se fecha à população.





Também em na Serra da Ibiapaba está a Bica do Ipu - são 110 metros de queda. É um dos cartões postais da região. Fica no município de Ipu, bem no final da Chapada. Pra se chegar, pela parte de baixo, é preciso descer a serra, entrar na cidade (já do centrinho é possível admirar a cachoeira) e pegar uma pequena estrada até a base, onde existe um bar/lanchonete. O acesso é bem fácil. Lá em baixo o clima já em bem quente. Pelo caminho percebe-se a falta de saneamento básico, com pessoas carregando água em baldes e tonéis. De Ipu é possível apreciar a chapada.








PARQUE NACIONAL DE SETE CIDADES (PI)


Descendo a Serra, a partir de Tianguá (CE), percorre-se 120km de estrada maravilhosamente bem conservada (o asfalto é novo) até o Parque Nacional de Sete Cidades (PI). Novamente a diferença de clima entre a serra e o semi-árido (separados por apenas alguns quômetros) é gritante. No sertão faz calor o ano todo. No hotel que ficamos (o Califórnia), na cidade de Piripiri (PI) nem chuveiro quente tinha. No parque, além de pagar entrada, é preciso contratar um guia que te levará pelas atrações.

Sete Cidades está numa região que há 18 mil anos já foi úmida. As formações rochosas se formaram a partir do vento, chuva e calor. Segundo a guia que acompanhou, antigamente a região era fundo de mar - o que explica o sole totalmente arenoso. O Parque, criando em 1961, chama-se Sete Cidades porque há sete grupamentos de formações rochosas que foram denominadas "cidades". Os passeios podem ser feitos de bicicleta (alugada no local), à pé (o calor é infernal) ou de carro (percorrendo à pé pequenos trechos). Em vários paredões estão inscrições rupestres ainda não datadas, mas que acredita-se, tenham entre cinco mil e dez mil anos. Há outras teorias mais modestas, que dizem que foram obras dos índios tabajaras que desceram da serra da Ibiapaba por volta do século 17.






PARQUE NACIONAL DE JERICOACOARA (CE) E ARREDORES



Ao contrário do que muitos acreditam, é possível sim andar de carro comum pela maior parte de Jericoacoara (vejam o nosso carrinho - alugado, evidentemente - nas dunas). O segredo é entrar no parque pelo vilarejo de Preá (não vá até Jijoca de Jericoacora). Aviso importante: não se aventure sozinho, porque o atolamento é certo. Contrate guias locais, que cobram por volta de R$40,00 a diária. Eles sabem exatamente onde estão botando os pés. Se você tiver de usar os transporte local, prepare o bolso porque as coisas são caras. Pelo menos um passeio é possível fazer a pé: a famosa Pedra Furada. Para se chegar às lagoas é preciso transporte. Tem gente que aluga cavalo para fazer o passeio.

As lagoas Azul e do Paraíso são de água doce, abastecidos pela chuva, segundo os guias locais. Até bebi um pouco da água pra provar: ela é salobra (provavelmente por causa da água). Algumas tilápias vivem por lá, mas se afujentam com o burburinho dos turistas. A água é bem transparente e a profundidade pode chegar a quatro metros. Na beira destas lagoas há infra-estrutura de bares/restaurantes. Um verdadeiro paraíso. Aliás, de todos os locais que visitamos, a melhor infra-estrutura é a de Jeri. São bons restaurantes, pousadas, bares, lojas de artesanatos, etc. Nem mesmo as cidades possuem tanto comércio quanto o vilarejo.

Não perca os pôres-de-sol de Jericoacora. Por sua localização geográfica o vilarejo é um dos raros locais, no Brasil, onde o sol desaparece no mar. Há uma grande duna ao lado de Jeri que, todas as tardes, dezenas de pessoas sobem para assistir a esse espetáculo da natureza. Lá em cima é mais fácil escutar uma língua estrangeira ao português. É que nessa época de agosto é férias na Europa. Por isso tantos estrangeiros: italianos, espanhóis, franceses...

Em Jeri, evite uma pizzaria que tem na rua principal. É constrangedor ver a quantidade de cobertura da massa. Uma fina fatia de queijo que nem deixa gosto. Por outro lado, procure pela "CAJUINA", uma bebida local não alcoólica feita de suco de caju. Existem as industrializadas e as caseiras, que são mais fortes. Se preferir, misture com água. Falando em caju, se for época de colheita (começa em agosto) prove a fruta in natura. É muito boa.



Nosso guia local (que dirigiu o carro pra gente - está ele aí na foto) estava comentando que assim que a portaria do Parque ficar pronta, só entrarão carros particulares que estejam com guias locais. Esta é uma boa forma de garantir renda para a população local (ainda mais que é difícil se deslocar sem ajuda por Jericoacora).






Na hora de irmos embora optamos por não seguir direto para Fortaleza, mas sim dar uma passadinha na praia de Lagoinha, em Paraipaba. Também é um dos cartões postais do Ceará. Mas não vá no final de semana. Como é relativamente perto da Capital, fica cheia. As estradas estaduais "litorâneas" estão em boas condições - dá para trafegar sem problemas. Para todo esse roteiro é bom reservar pelo menos dez dias.

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